“Apenas R$50 milhões”: Governo do Amazonas renova contrato milionário com empresa de Goiás para andar de jatinho 3b6142
Amazonas — Mesmo diante do colapso e das dificuldades estruturais enfrentadas diariamente pelos hospitais públicos, o Governo do Amazonas segue renovando contratos milionários com empresas de fora do estado, sem transparência clara nos critérios de escolha. Um dos casos que mais despertam suspeitas é o da Brasil Vida Táxi Aéreo Ltda, empresa sediada em Goiânia (GO), que teve um contrato de R$ 15,3 milhões renovado para o transporte de pacientes em UTIs aéreas, utilizando apenas uma aeronave monomotor turboélice.
De acordo com dados do Portal da Transparência, a empresa já recebeu mais de R$ 35 milhões entre 2023 e o início de 2025, mesmo sendo de fora do estado e sem oferecer qualquer contrapartida de investimento local. A contratação é feita por meio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), que não explicou até agora os critérios usados para escolher e renovar o contrato com a Brasil Vida.
Mais grave ainda é o envolvimento de Frederico Dutra Oliveira, médico que aparece como responsável técnico da Brasil Vida, segundo registro no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
Ao mesmo tempo, Frederico também é presidente da empresa Semprevida Medicina Intensiva, que atua em hospitais estaduais de Manaus por meio de subcontrato com a Organização Social AGIR Saúde — outra instituição de Goiás que também mantém contratos com o Estado.
Essa sobreposição de cargos — alguns, potencialmente incompatíveis — pode configurar conflito de interesses e até violação da legislação que rege contratações públicas, especialmente na área da saúde. Além disso, Frederico também consta como diretor médico da empresa Vida Goiás UTI Móvel e diretor-executivo da Semprevida. A complexa rede de vínculos levanta suspeitas de uso de empresas interpostas para ar recursos públicos do Amazonas.
Diante da renovação milionária com empresas de fora do estado, como a Brasil Vida Táxi Aéreo, surgem dúvidas inevitáveis: quem, dentro da Secretaria de Saúde do Amazonas, é responsável por aprovar e fiscalizar contratos dessa magnitude? Por que empresas locais, com potencial para oferecer o mesmo serviço, não recebem prioridade?
A recorrência de vínculos empresariais entre prestadores contratados e organizações sociais que atuam no estado — como a AGIR Saúde — indica possíveis relações cruzadas entre dirigentes e empresas beneficiadas, o que pode configurar favorecimento indevido, tráfico de influência e violação das normas que regem o uso de recursos públicos na saúde.
Apesar da gravidade do caso, o Governo do Amazonas segue em silêncio, sem qualquer manifestação oficial até o momento. O cenário exige a atenção urgente de órgãos de controle como o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), a Polícia Civil e a Polícia Federal.